Brasil e China aprofundam laços estratégicos enquanto EUA preparam nova era sob Trump
As relações entre Brasil e China têm alcançado um novo patamar de cooperação estratégica, refletindo um realinhamento diplomático e econômico em meio às mudanças no cenário global. Às vésperas da possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, os dois países estão reforçando parcerias em áreas que vão desde comércio agrícola até inovação tecnológica.
Reforço no comércio bilateral
A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com uma balança comercial que ultrapassou os US$ 100 bilhões em 2023. Recentemente, acordos para exportação de commodities como soja, carne bovina e café têm sido ampliados, consolidando o Brasil como um dos principais fornecedores de alimentos para o gigante asiático.
Por outro lado, o Brasil busca diversificar suas exportações e atrair investimentos chineses para setores como infraestrutura, energia renovável e tecnologia. Projetos de infraestrutura financiados pela China, como ferrovias e portos, já estão em andamento, sinalizando a profundidade dessa parceria.
Tecnologia e inovação no centro da agenda
Além do comércio, os dois países estão fortalecendo laços em setores de alta tecnologia. Um exemplo é a parceria no programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), que já lançou vários satélites para monitoramento ambiental e agrícola.
A China também se destaca como um dos principais investidores em startups brasileiras, especialmente no setor de fintechs e e-commerce. A entrada de empresas como a BYD, que planeja produzir veículos elétricos no Brasil, é vista como um marco na cooperação tecnológica entre os países.
Contexto geopolítico: a volta de Trump
Com a possibilidade de Donald Trump retomar a presidência dos EUA em 2025, as relações internacionais tendem a se tornar mais tensas, especialmente no que diz respeito à China. Durante seu mandato anterior, Trump adotou uma postura agressiva contra Pequim, impondo tarifas comerciais e restringindo a atuação de empresas chinesas nos EUA. Esse cenário pode abrir espaço para um maior protagonismo do Brasil como parceiro estratégico da China na América Latina.
O Brasil, por sua vez, busca equilibrar suas relações com os EUA e a China, mantendo uma postura pragmática que prioriza benefícios econômicos. No entanto, a pressão de Washington pode aumentar, especialmente em áreas sensíveis como a tecnologia 5G e a transição energética.
Desafios e oportunidades
Apesar do avanço nas relações Brasil-China, desafios persistem. Críticos alertam para uma possível dependência excessiva do Brasil em relação ao mercado chinês, especialmente no setor agrícola. Além disso, questões ligadas à governança ambiental e direitos trabalhistas podem gerar atritos, já que a China enfrenta crescente escrutínio internacional sobre suas práticas comerciais.
Por outro lado, o Brasil tem a oportunidade de se consolidar como um ator relevante na nova ordem global, aproveitando o momento para diversificar suas parcerias e atrair investimentos estratégicos.
Uma nova era para os BRICS
A crescente cooperação entre Brasil e China também reflete o fortalecimento do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Durante a última cúpula, os membros discutiram a criação de uma moeda comum e a ampliação do bloco, medidas que visam reduzir a dependência do dólar e aumentar a influência global dos países emergentes.
O Brasil, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem se posicionado como um mediador entre os interesses das potências emergentes e as demandas do Ocidente, papel que pode ganhar ainda mais relevância no contexto de um cenário global polarizado.
O que esperar do futuro?
À medida que os EUA se preparam para uma possível nova era sob Trump, o Brasil parece estar fortalecendo sua posição como um parceiro estratégico da China. Essa aliança, embora cheia de nuances e desafios, representa uma oportunidade única para o Brasil expandir seu papel na economia global e assegurar seu desenvolvimento em áreas cruciais para o futuro.