Projeção de juros para 2025 sobe para 12% e expectativas de inflação aumentam, indica pesquisa Focus
O mercado financeiro ajustou suas previsões para 2025, elevando a expectativa para a taxa de juros a 12%, enquanto também revisou para cima as previsões de inflação. Os dados constam no boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, e refletem o cenário de incertezas econômicas que ainda paira sobre o Brasil, em meio a desafios fiscais, pressões internas e externas, e a perspectiva de recuperação econômica gradual.
Projeção de juros mais alta para 2025
A revisão na expectativa de juros reflete o posicionamento do mercado quanto ao caminho que o Banco Central deverá seguir para conter a inflação. A taxa Selic, que atualmente encontra-se em níveis elevados, segue sendo a principal ferramenta do BC para controlar a alta dos preços. A expectativa de que os juros em 2025 possam atingir os 12% é um reflexo das dificuldades em conseguir uma redução mais rápida da inflação, mesmo com as políticas de restrição monetária.
Os analistas observam que a inflação no Brasil ainda está distante das metas estabelecidas pelo Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) terá que equilibrar cuidadosamente o risco de um crescimento econômico mais lento com a necessidade de manter a inflação sob controle. Em um cenário global de juros elevados, a expectativa é que o BC mantenha a taxa em patamares elevados por mais tempo, o que justificaria a previsão de juros em 12% para 2025.
Inflação em trajetória ascendente
As projeções para a inflação também passaram por ajustes para cima, refletindo um cenário de pressão em vários frentes econômicas. O mercado agora projeta uma inflação maior para 2025, impulsionada por fatores como o aumento dos preços de alimentos e combustíveis, os impactos das políticas fiscais e as tensões comerciais internacionais. Além disso, o aumento da taxa de juros pode ter um efeito negativo sobre a atividade econômica, levando a uma possível desaceleração do crescimento.
Embora o governo e o Banco Central estejam focados em conter a alta da inflação, a falta de uma solução imediata para os desafios fiscais e a instabilidade política podem afetar a capacidade de atingir as metas inflacionárias de forma consistente. A alta dos preços de energia, por exemplo, pode resultar em custos mais elevados para os consumidores e empresas, o que contribuiria para o aumento da inflação.
Impactos no mercado e na economia
As revisões para cima das projeções de juros e inflação podem afetar a confiança do mercado, principalmente em relação ao crescimento econômico. Com os juros mais altos por mais tempo, o custo do crédito tende a permanecer elevado, dificultando o financiamento para empresas e consumidores. Isso pode resultar em um crescimento mais modesto, especialmente em um cenário de recuperação ainda tímida após os efeitos da pandemia de COVID-19 e a crise econômica global.
Para as empresas, especialmente as pequenas e médias, a dificuldade de acesso a crédito mais barato pode representar um obstáculo ao planejamento e ao investimento. Por outro lado, os grandes bancos podem se beneficiar de um ambiente de juros elevados, visto que as margens de lucro aumentam com a elevação das taxas de juros. O aumento das expectativas de inflação também pode prejudicar o poder de compra dos consumidores, impactando o consumo e, por consequência, a demanda por produtos e serviços.
Expectativas para o Governo e o Banco Central
Com a revisão das previsões para 2025, o governo e o Banco Central terão que adotar medidas adicionais para manter a estabilidade econômica. Embora o governo tenha se empenhado em avançar com reformas fiscais e o controle do gasto público, muitos analistas ainda questionam a eficácia das atuais políticas para manter o controle da inflação a longo prazo. A busca por um equilíbrio entre a austeridade fiscal e o estímulo ao crescimento será um dos maiores desafios da administração atual, já que um ciclo de juros elevados por mais tempo pode gerar impactos negativos no emprego e na renda da população.
A manutenção da confiança dos investidores será crucial para garantir o fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil e para sustentar a recuperação econômica. Nesse sentido, as ações do Banco Central, especialmente no tocante à transparência das suas decisões, continuarão a ser observadas de perto pelos agentes do mercado.
Conclusão
O boletim Focus sinaliza que o Brasil está diante de um cenário econômico desafiador para os próximos anos, com a expectativa de juros elevados e uma inflação mais alta em 2025. Com a taxa de juros projetada para 12% e a inflação em trajetória ascendente, a política monetária continuará sendo um dos principais instrumentos do Banco Central para controlar os preços. A dificuldade em reduzir a inflação rapidamente, somada a pressões fiscais e políticas, torna o ambiente econômico mais incerto, com possíveis reflexos sobre o crescimento e a confiança dos consumidores e empresários.