Campos Neto propõe critérios mais rígidos para abertura de contas em combate a fraudes bancárias
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta semana a implementação de critérios mais rigorosos para a abertura de contas bancárias no Brasil como uma medida essencial para enfrentar o crescente número de fraudes no setor financeiro. A proposta surge em um contexto onde as práticas de golpe e fraude digital têm se tornado um problema constante para bancos e clientes, exigindo uma resposta rápida e eficaz das autoridades financeiras.
Campos Neto destacou que, com o avanço da tecnologia e a popularização dos pagamentos digitais, criminosos encontraram novas maneiras de burlar o sistema financeiro. Segundo ele, o aprimoramento das medidas de segurança e a criação de critérios de verificação mais robustos para a abertura de contas são necessários para manter a integridade do sistema bancário brasileiro. “Não podemos permitir que a facilidade de abertura de contas venha a se tornar uma porta aberta para práticas criminosas”, afirmou o presidente do Banco Central.
A proposta inclui a exigência de verificações adicionais de identidade e comprovantes de renda para novos correntistas, além de uma possível maior colaboração entre instituições financeiras para compartilhar dados de clientes suspeitos. Campos Neto também sugeriu que essas novas exigências de segurança poderiam se estender a contas já existentes, caso haja suspeitas de atividades fraudulentas.
Para Campos Neto, o combate às fraudes no sistema financeiro vai além de proteger o patrimônio dos clientes; trata-se de assegurar a confiança pública na segurança do sistema bancário. Ele pontuou que, com a recente expansão do uso do Pix e o aumento das transações bancárias digitais, a segurança dos processos se tornou ainda mais relevante. “É necessário que as instituições se adaptem à realidade dos riscos digitais. O Brasil avançou muito em inclusão financeira, mas precisamos manter esse avanço seguro para todos”, argumentou.
As possíveis mudanças no processo de abertura de contas podem incluir um reforço na análise de antecedentes financeiros e validações adicionais, como biometria e reconhecimento facial. As instituições financeiras, segundo Campos Neto, também deverão implementar mecanismos de inteligência artificial para detectar padrões suspeitos antes mesmo de uma conta ser efetivamente aberta.
Especialistas do setor veem a medida como uma resposta prudente ao crescimento das fraudes, mas alertam que o endurecimento dos critérios pode impactar a inclusão financeira, especialmente para a população de baixa renda, que muitas vezes enfrenta dificuldades para atender a exigências documentais rigorosas. Em resposta a essas preocupações, Campos Neto afirmou que o Banco Central está empenhado em encontrar um equilíbrio, buscando uma política de combate a fraudes que não prejudique o acesso ao sistema bancário para aqueles que mais precisam.
Alguns bancos já começaram a implementar medidas de segurança mais robustas por conta própria, antecipando a possibilidade de regulamentações mais rígidas. Segundo representantes do setor bancário, há um consenso entre as instituições financeiras de que a segurança precisa evoluir junto com a inovação, especialmente em um país onde o uso de tecnologias de pagamento instantâneo, como o Pix, alcançou níveis recordes.
A proposta ainda deve passar por debates internos no Banco Central e, caso seja aprovada, as novas diretrizes poderão ser anunciadas oficialmente nos próximos meses. Campos Neto reafirmou que o Banco Central continuará a apoiar políticas que reforcem a segurança e proteção dos usuários, mantendo o foco em um sistema financeiro que seja inclusivo, mas também resistente às ameaças digitais.