Proximidade da natureza pode reduzir o risco de demência: viver cercado pelo verde preserva a saúde mental
Estudos recentes vêm confirmando algo que muitos já suspeitavam: viver próximo à natureza tem efeitos positivos profundos na saúde mental. Além de promover a sensação de bem-estar e proporcionar uma vida mais tranquila, morar em áreas verdes pode ter um impacto direto na prevenção de doenças neurodegenerativas, como a demência. Pesquisas sugerem que o contato frequente com a natureza, seja por meio de parques, jardins ou até áreas florestais, pode atuar como um fator de proteção para o cérebro, retardando o declínio cognitivo e preservando a mente à medida que envelhecemos.
Os benefícios cognitivos de viver perto da natureza Morar em locais cercados por verde tem sido associado à melhora da saúde mental e ao fortalecimento das capacidades cognitivas. Pesquisadores destacam que essa proximidade oferece uma série de benefícios que vão além da redução do estresse e da ansiedade, promovendo um impacto positivo no cérebro a longo prazo.
- Estímulo sensorial e interação com o ambiente: Áreas verdes oferecem estímulos variados para os sentidos, como sons naturais (canto de pássaros, vento nas árvores), cheiros de plantas e flores e o contato visual com a paisagem. Esses estímulos ajudam a ativar diferentes áreas do cérebro, proporcionando relaxamento e estimulando a cognição.
- Redução do estresse: A natureza é conhecida por ter um efeito calmante, diminuindo os níveis de cortisol (o hormônio do estresse). Estudos mostram que pessoas que moram em áreas verdes ou que frequentam parques regularmente apresentam menores níveis de estresse, o que, por sua vez, está relacionado à preservação da saúde cerebral.
- Atividade física: Morar próximo a parques e áreas naturais incentiva a prática de atividades físicas ao ar livre, como caminhadas, corridas e ciclismo. O exercício físico é um dos principais fatores na manutenção da saúde cognitiva, pois promove a oxigenação do cérebro, o aumento de substâncias neuroprotetoras e a redução de inflamações que podem prejudicar o sistema nervoso.
- Contato social e comunidade: A natureza também incentiva o convívio social. Pessoas que vivem em bairros verdes tendem a interagir mais com seus vizinhos e a participar de atividades comunitárias, o que ajuda a combater o isolamento social — um dos fatores de risco para o desenvolvimento da demência.
- Melhoria do sono: A proximidade com a natureza tem sido associada a um sono de melhor qualidade. Dormir bem é fundamental para a preservação da memória e para a prevenção de doenças neurodegenerativas. Ambientes naturais, com menos poluição sonora e atmosférica, ajudam a regular o ritmo circadiano e a melhorar a qualidade do sono.
A ciência por trás da preservação cognitiva Pesquisas apontam que o contato com a natureza pode influenciar diretamente estruturas cerebrais essenciais para a cognição e memória, como o hipocampo e o córtex pré-frontal. Uma das hipóteses é que viver em ambientes verdes aumenta a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de formar novas conexões neurais, um fator essencial na manutenção das funções cognitivas ao longo da vida.
Um estudo publicado na revista “Environmental Health Perspectives” revelou que pessoas que vivem em áreas com mais vegetação tendem a ter uma menor incidência de demência e um declínio cognitivo mais lento em comparação com aquelas que vivem em áreas urbanas densas e carentes de espaços verdes. Outro estudo conduzido na Espanha, envolvendo mais de 6.000 pessoas, concluiu que viver em bairros com maior cobertura verde estava associado a uma menor taxa de declínio cognitivo ao longo de 10 anos.
Além disso, outro fator que pode explicar essa proteção é a redução dos impactos da poluição. Ambientes verdes ajudam a filtrar poluentes do ar, que são conhecidos por afetar negativamente a saúde cerebral e contribuir para o desenvolvimento de doenças como Alzheimer e outras formas de demência.