Acionamento Intensivo de Termelétricas é Previsto até o Fim de 2024, Diz Governo
Com a aproximação do fim do ano, o governo federal está avaliando a necessidade de um acionamento “mais intenso” das usinas termelétricas para garantir o abastecimento energético do país. Essa medida se torna essencial diante da crescente demanda por eletricidade, impulsionada tanto pelo aumento do consumo quanto por uma baixa nos níveis de alguns reservatórios das hidrelétricas, que tradicionalmente são a principal fonte de energia do Brasil.
Contexto Energético Atual
O Brasil depende fortemente da geração de energia hidrelétrica, que responde por aproximadamente 60% da sua matriz elétrica. No entanto, com a redução dos volumes de chuvas em algumas regiões e a proximidade do período seco em outras, o país tem enfrentado desafios para manter o nível de geração hidrelétrica suficiente para suprir a demanda. Esse cenário tem exigido do governo a adoção de estratégias complementares, como o acionamento das usinas termelétricas, que, apesar de mais caras e poluentes, são essenciais para evitar possíveis apagões ou falhas no fornecimento de energia.
Aumento da Demanda Energética
Entre os fatores que agravam a situação está o crescimento do consumo de energia elétrica, especialmente nos setores industrial e comercial. A retomada econômica após os anos mais críticos da pandemia, associada ao aumento do uso de equipamentos eletrônicos e tecnologias de ponta, elevou o consumo. Além disso, o uso de condicionadores de ar e outros aparelhos eletrodomésticos pesados durante os períodos mais quentes do ano também contribui para pressionar o sistema elétrico.
Plano de Acionamento de Termelétricas
Diante desse cenário, o Ministério de Minas e Energia e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) têm avaliado a necessidade de manter um maior número de termelétricas em funcionamento. O objetivo é garantir que a geração de energia acompanhe a demanda até dezembro, prevenindo um déficit que possa afetar tanto consumidores residenciais quanto industriais.
Segundo o governo, essa decisão visa manter a estabilidade do sistema elétrico até que as condições hídricas melhorem e as hidrelétricas possam voltar a operar com mais capacidade. O governo também destacou que o acionamento das termelétricas será feito de forma estratégica e gradual, para evitar um impacto muito grande nas tarifas de energia e na economia como um todo.
Impacto nas Tarifas e na Economia
O acionamento das termelétricas, embora necessário, traz consigo um custo elevado, já que essa fonte de energia é mais cara em comparação com as hidrelétricas. Isso se deve, principalmente, ao fato de que as termelétricas utilizam combustíveis fósseis, como gás natural e carvão, cujos preços estão sujeitos a flutuações no mercado internacional. Esse custo adicional pode ser repassado aos consumidores na forma de tarifas mais altas, especialmente se o uso das termelétricas for prolongado.
Analistas do setor energético alertam que, se a situação hídrica continuar desfavorável nos próximos meses, os consumidores poderão enfrentar um aumento considerável nas contas de luz em 2024. As empresas, principalmente as que dependem de altos volumes de eletricidade para suas operações, também podem ser afetadas por esses custos adicionais, o que poderia impactar a competitividade e os preços dos produtos.
Medidas Paralelas e Fontes Alternativas
Apesar da previsão de acionamento das termelétricas, o governo tem buscado acelerar projetos de energias renováveis, como a eólica e a solar, para aliviar a pressão sobre o sistema e diminuir a dependência de fontes térmicas. Nos últimos anos, o Brasil tem avançado consideravelmente na diversificação da sua matriz energética, mas o ritmo de expansão dessas fontes ainda não é suficiente para cobrir as lacunas deixadas pelas hidrelétricas em períodos de seca.
O planejamento de longo prazo do governo também inclui investimentos em tecnologias de armazenamento de energia, que permitiriam maior flexibilidade no uso de fontes renováveis, e a ampliação da malha de transmissão para permitir uma distribuição mais eficiente da energia gerada em diferentes regiões do país.
Conclusão
Com a chegada do final de 2024 e as condições climáticas desafiadoras, o governo prevê que o acionamento intensivo de termelétricas será necessário para garantir a oferta de energia elétrica. Embora essa medida assegure a estabilidade do sistema no curto prazo, ela pode resultar em tarifas mais elevadas para os consumidores e pressionar ainda mais a economia. O país, no entanto, busca soluções de médio e longo prazo para aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética, minimizando o impacto de crises hídricas futuras.