Durante sabatina de Galípolo, Lula afirma que taxa de juros “haverá de ceder” em discurso
Enquanto Gabriel Galípolo, indicado para uma diretoria do Banco Central (BC), enfrentava sua sabatina no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração em público reforçando sua expectativa de queda na taxa de juros. Durante um discurso realizado no mesmo dia, Lula expressou sua confiança de que a taxa Selic, atualmente em 12,75%, “haverá de ceder” em breve, reafirmando sua visão de que os juros altos têm prejudicado a retomada do crescimento econômico no Brasil.
O presidente, em tom crítico, mais uma vez fez referência à política monetária do Banco Central, sob a qual afirmou que os juros elevados continuam a impedir investimentos e o desenvolvimento de setores essenciais da economia. “Não há razão para mantermos uma taxa de juros tão alta, que impede o crescimento do país e sufoca o povo”, disse Lula durante seu discurso. A fala foi feita diante de um público de empresários, onde o presidente reforçou seu compromisso com a aceleração do crescimento econômico e a geração de empregos.
As críticas de Lula à política de juros já são recorrentes, e seu governo tem pressionado por uma redução da Selic desde o início do mandato. Para o presidente, a diminuição dos juros é um passo necessário para viabilizar projetos estratégicos e impulsionar setores-chave da economia, como infraestrutura, indústria e inovação.
Enquanto isso, Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda e indicado à diretoria de política monetária do Banco Central, foi sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Galípolo procurou adotar um tom técnico e conciliador, destacando a importância de manter a independência do Banco Central, ao mesmo tempo em que defendeu a criação de condições econômicas que favoreçam a queda gradual dos juros.
Durante a sabatina, Galípolo também buscou se afastar da polarização política, apresentando-se como um técnico comprometido com as diretrizes do Banco Central e com a implementação de políticas econômicas sólidas. Ele reforçou que a missão do BC é garantir a estabilidade financeira e o controle da inflação, mas não descartou que, no futuro, será possível ajustar a política monetária conforme as condições econômicas permitirem. “O Banco Central, através de seus instrumentos, precisa criar as condições adequadas para que os juros possam ceder, mas de forma responsável e gradual”, afirmou.
A sabatina de Galípolo ocorre em um momento delicado para o governo, que tem trabalhado para equilibrar a agenda de crescimento econômico com o controle da inflação. A indicação de Galípolo ao BC foi bem recebida por setores do mercado financeiro, que o veem como um interlocutor próximo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e capaz de construir pontes entre o governo e a autoridade monetária.
No entanto, a pressão por uma queda nos juros se intensificou nas últimas semanas, especialmente após o Banco Central manter a taxa Selic em 12,75% na sua última reunião, frustrando as expectativas do governo de uma redução mais acelerada. A decisão do BC foi interpretada como um sinal de cautela diante de pressões inflacionárias e incertezas externas, como os conflitos internacionais e a volatilidade nos preços das commodities.
O discurso de Lula, em sincronia com a sabatina de Galípolo, reflete a estratégia do governo de continuar pressionando por uma política monetária mais expansionista, ao mesmo tempo em que busca manter o diálogo com o mercado financeiro e com o Congresso. A expectativa é de que, com a possível aprovação de Galípolo para a diretoria do BC, haja maior alinhamento entre as políticas econômicas do governo e as ações do Banco Central.
No entanto, o desafio de conciliar a demanda por juros mais baixos com o controle da inflação permanece. Com a inflação acumulada ainda acima das metas estabelecidas, o Banco Central terá que equilibrar o desejo do governo de impulsionar a economia com a necessidade de evitar que o aumento da demanda pressione os preços para cima.
Enquanto isso, o mercado e a sociedade civil acompanham de perto tanto a evolução da política monetária quanto as declarações do governo. A expectativa de todos é que o debate sobre os juros se intensifique nos próximos meses, com possíveis ajustes na Selic à medida que as condições econômicas se estabilizem e os sinais de recuperação se tornem mais evidentes.