Economia

Declarações de Galípolo e Pressão das Commodities Levam Ibovespa a Recuar, Dólar Avança Acompanhando Cenário Externo

O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (10), pressionado pela baixa performance das commodities e pelas recentes declarações de Gabriel Galípolo, indicado para o Banco Central. O índice da bolsa brasileira registrou uma retração de 0,85%, encerrando o dia aos 116.300 pontos. Já o dólar subiu 1,2%, alcançando R$ 5,05, refletindo as expectativas em torno da política monetária dos Estados Unidos e a incerteza global.

Impacto das Commodities no Ibovespa

As ações de empresas ligadas a commodities, especialmente petróleo e minério de ferro, tiveram uma sessão difícil, refletindo diretamente no desempenho do Ibovespa. As cotações internacionais dessas matérias-primas apresentaram queda, com o petróleo Brent recuando cerca de 2% devido a temores de desaceleração econômica global e dúvidas sobre a demanda chinesa.

Os papéis da Petrobras, uma das principais ações do índice, tiveram queda de 1,5%, acompanhando a desvalorização do barril de petróleo no mercado internacional. A mineradora Vale também foi afetada, com suas ações caindo 1,3%, impactadas pela queda nos preços do minério de ferro e pelas incertezas sobre a recuperação econômica da China, principal comprador da commodity.

Galípolo Defende Cautela no Corte de Juros

Outro fator que pesou sobre o mercado foi a sabatina de Gabriel Galípolo no Senado, onde ele defendeu a continuidade de uma política monetária responsável e cautelosa no que diz respeito ao corte da taxa de juros. Durante seu depoimento, Galípolo destacou que o Brasil ainda enfrenta desafios no controle da inflação, o que exige uma abordagem cuidadosa antes de promover cortes mais agressivos na Selic.

As declarações foram vistas por parte do mercado como um sinal de que o Banco Central pode manter um ritmo mais gradual na redução dos juros, o que contrariou expectativas de setores que aguardam uma flexibilização mais rápida para estimular o crescimento econômico. O receio de um ciclo prolongado de juros altos impactou negativamente as ações de empresas que dependem de um ambiente de crédito mais favorável, como varejistas e construtoras.

Dólar em Alta: Influência Externa

O dólar, por sua vez, registrou alta significativa, acompanhando o movimento das moedas emergentes em relação ao fortalecimento do dólar norte-americano. A alta foi impulsionada por declarações de membros do Federal Reserve (Fed), que reforçaram a possibilidade de manter os juros elevados por mais tempo, em função da resiliência da economia dos Estados Unidos.

Os investidores também continuam atentos ao conflito no Oriente Médio, que tem gerado uma aversão ao risco em nível global, aumentando a demanda por ativos considerados mais seguros, como o dólar. A busca por proteção elevou a moeda frente a várias divisas, incluindo o real.

Setores Impactados

Entre os setores mais penalizados no pregão de hoje estiveram o de consumo e o de tecnologia. O Magazine Luiza teve queda de 2,8%, refletindo o ambiente de crédito ainda apertado e a incerteza quanto à política monetária. As ações da Via, antiga Via Varejo, recuaram 3%, também pressionadas pelo cenário de juros elevados.

No setor financeiro, os grandes bancos fecharam com desempenho misto. Enquanto Bradesco e Itaú tiveram leves quedas, o Banco do Brasil registrou uma leve alta de 0,2%, beneficiado pelo desempenho positivo das ações de empresas estatais, que seguiram firmes após a criação de novos índices pela B3.

Expectativas para os Próximos Dias

Com o mercado ainda assimilando as falas de Galípolo e o cenário externo pressionando, a expectativa é de que o Ibovespa continue com volatilidade nos próximos dias. Os investidores aguardam mais clareza sobre a política de juros tanto no Brasil quanto nos EUA, além de monitorarem atentamente os desdobramentos da guerra no Oriente Médio.

A possível continuidade de queda nas commodities também pode trazer novos desafios para o índice brasileiro, que tem grande peso de empresas ligadas a esse setor. Por outro lado, o câmbio deve continuar sensível às movimentações do Fed e às percepções de risco global.

No curto prazo, o cenário permanece incerto, com uma combinação de fatores externos e internos influenciando tanto o mercado acionário quanto o câmbio.

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