Economia

Sete a cada dez moradores de favelas jogam nas bets

O crescimento das apostas esportivas, popularmente conhecidas como bets, tem atingido cada vez mais a população das periferias e favelas do Brasil. Uma pesquisa recente revelou que sete em cada dez moradores de favelas estão envolvidos em apostas, um reflexo direto da popularização das plataformas digitais de apostas e do crescente apelo midiático, especialmente entre os jovens.

Atração pelo lucro rápido

A principal razão apontada para o envolvimento massivo com as bets é a promessa de ganhos rápidos e fáceis. Diante de um cenário econômico difícil, muitos enxergam nas apostas uma alternativa para complementar a renda, mesmo com os riscos envolvidos. O marketing agressivo das plataformas, aliada à fácil acessibilidade, faz com que cada vez mais pessoas de baixa renda entrem nesse universo, sem ter total consciência dos perigos.

O impacto social

Enquanto alguns conseguem pequenas vitórias nas apostas, a realidade para a maioria dos jogadores é o acúmulo de perdas, o que tem gerado preocupações entre especialistas. Em favelas, onde o poder aquisitivo é mais limitado, o impacto das apostas pode ser devastador para famílias. As bets podem exacerbar problemas como endividamento, estresse e até conflitos familiares. Maria do Carmo, moradora de uma comunidade no Rio de Janeiro, relatou em entrevista:

“Eu vi amigos perderem muito dinheiro com essas apostas. Parece que é fácil ganhar, mas na maioria das vezes, você só perde. Mas é difícil sair disso quando você acha que, na próxima, vai conseguir.”

Falta de regulamentação

A falta de uma regulamentação eficaz para as apostas esportivas no Brasil também contribui para esse cenário. Embora a prática tenha sido legalizada em 2018, o governo ainda está em processo de estabelecer as regras para a operação das plataformas, o que deixa espaço para abusos e exploração. A expectativa é que, com a regulamentação completa, haja medidas que protejam o consumidor, especialmente as classes mais vulneráveis.

O papel das bets nas favelas

Nas favelas, as bets se tornaram uma espécie de “loteria moderna”. O acesso facilitado pela internet e a sensação de fazer parte do universo esportivo, com clubes e atletas envolvidos em campanhas publicitárias, tornam as apostas ainda mais atraentes. Carlos Alberto, de 24 anos, conta que começou a jogar por incentivo dos amigos e acredita que o ambiente em que vive influencia diretamente essa decisão:

“Aqui na comunidade, todo mundo está jogando. Às vezes é só para tentar acertar um resultado de futebol, mas tem gente que leva mais a sério. Já vi pessoas perderem o dinheiro do aluguel.”

Iniciativas de conscientização

Diante desse cenário, algumas ONGs e projetos sociais têm se mobilizado para conscientizar os moradores das favelas sobre os perigos das apostas. As campanhas buscam educar sobre os riscos do vício e o impacto financeiro que ele pode causar. Além disso, especialistas defendem que, com a regulamentação, seja possível criar políticas públicas de proteção e prevenção para os jogadores, especialmente nas áreas mais vulneráveis.

A tendência é que o número de apostadores nas favelas continue a crescer à medida que as plataformas ganham ainda mais espaço no mercado brasileiro, destacando a necessidade urgente de uma regulamentação e medidas educativas para mitigar os riscos desse fenômeno.

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