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Com menos doações, voluntários disfarçam falta de carne em marmitas no RS

Em meio à crise econômica e ao aumento do custo de vida, voluntários que distribuem marmitas para pessoas em situação de vulnerabilidade social no Rio Grande do Sul estão enfrentando grandes desafios. A diminuição das doações, especialmente de carne, tem forçado grupos de voluntários a serem criativos para garantir que as refeições continuem chegando a quem mais precisa, mesmo com a escassez de ingredientes essenciais.

A Realidade da Crise

Com o preço dos alimentos disparando e o orçamento das famílias mais apertado, a quantidade de doações de alimentos, especialmente de carne, tem caído drasticamente. Organizações que dependem dessas doações para alimentar centenas de pessoas diariamente estão tendo que encontrar soluções alternativas para manter a distribuição de refeições.

Em várias regiões do estado, voluntários relatam que a carne, um dos itens mais caros das marmitas, muitas vezes está em falta. “A demanda só aumenta, mas a quantidade de carne que recebemos despencou. Estamos fazendo o possível para garantir que ninguém fique sem comer”, afirma Marcos Silva, coordenador de uma ação voluntária em Porto Alegre.

Criatividade na Cozinha

Para lidar com a falta de carne, muitos voluntários têm adaptado as receitas, aumentando a quantidade de vegetais, legumes e massas nas refeições. Em algumas marmitas, molhos mais espessos são usados para “disfarçar” a ausência de carne, tornando as refeições mais saborosas e nutritivas, mesmo sem a proteína animal. “Estamos tentando usar mais ovos e proteínas vegetais, como feijão e lentilha, para compensar a falta de carne”, explica Maria Borges, outra voluntária envolvida na distribuição de marmitas.

Além disso, alimentos doados com mais frequência, como arroz, feijão e macarrão, têm se tornado a base das refeições. Voluntários também têm buscado parcerias com mercados e feirantes locais para conseguir produtos que estejam próximos do vencimento ou que não possam ser comercializados, mas ainda estão em bom estado para consumo.

Impacto nas Comunidades

A falta de carne nas marmitas é sentida pelas pessoas que dependem dessas refeições para sua subsistência. Muitas delas estão desempregadas ou enfrentando extrema pobreza, e a marmita diária é, muitas vezes, a única refeição completa que conseguem no dia. A ausência da carne, um alimento que para muitos representa uma fonte importante de proteína, tem gerado preocupação quanto ao valor nutricional dessas refeições.

“Entendemos que a situação está difícil para todo mundo, mas para nós, que dependemos dessas marmitas, a carne faz muita falta. Mesmo assim, somos gratos por termos o que comer todos os dias”, relata Paulo, um dos beneficiários da distribuição de marmitas em Porto Alegre.

O Chamado à Solidariedade

Organizações de caridade e grupos voluntários estão fazendo campanhas para aumentar o número de doações, especialmente de carnes e outros produtos de origem animal, como frango e peixe. Nas redes sociais, a mobilização tem crescido, e algumas entidades estão buscando auxílio junto a frigoríficos e grandes supermercados, na tentativa de garantir doações maiores de proteína.

“Sabemos que muita gente está apertada, mas qualquer ajuda é bem-vinda. Mesmo uma pequena doação faz a diferença na vida de quem está passando fome”, reforça Marcos Silva, que destaca que a solidariedade é mais importante do que nunca neste momento de crise.

A Luta Continua

Apesar das dificuldades, os voluntários continuam firmes no propósito de ajudar o próximo, adaptando-se às adversidades e mantendo a esperança de que, com a colaboração da sociedade, as doações voltem a crescer. Enquanto isso, a criatividade e a vontade de fazer o bem se tornam os principais ingredientes na preparação de cada marmita, que, mesmo sem carne, carrega consigo o esforço e a dedicação de quem quer fazer a diferença.

O trabalho continua, e as marmitas, mesmo mais simples, continuam a ser distribuídas, alimentando não apenas o corpo, mas também a esperança de dias melhores para as comunidades mais vulneráveis do Rio Grande do Sul.

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