Disputa eleitoral em São Paulo: Nunes lidera, mas cenário aponta acirramento com Boulos e Marçal
A pesquisa mais recente do Datafolha para a eleição municipal de São Paulo revela um cenário competitivo e polarizado. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparece com 27% das intenções de voto, seguido de perto por Guilherme Boulos (PSOL), que soma 26%. Marcos Marçal (PL), figura conhecida pelo discurso conservador e alinhamento ao bolsonarismo, surge com 19%, consolidando-se como uma terceira força em crescimento na corrida eleitoral.
Ricardo Nunes: reeleição em jogo
Nunes, que tenta a reeleição, conta com o apoio do eleitorado mais tradicional e conservador, além de estar em sintonia com o setor empresarial e as classes mais altas. Seu governo tem focado em investimentos na infraestrutura da cidade, como melhorias no transporte público e projetos de revitalização urbana. No entanto, enfrenta desafios para consolidar seu apoio entre as camadas mais populares, que são alvo direto das políticas de Boulos.
A campanha de Nunes tem buscado associar seu nome à estabilidade e à continuidade dos projetos iniciados durante sua gestão. No entanto, com uma diferença de apenas um ponto percentual em relação a Boulos, o cenário é de incerteza, e o risco de que o atual prefeito não chegue ao segundo turno se torna uma possibilidade real.
Guilherme Boulos: força progressista
Do lado progressista, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e deputado federal, mantém uma base eleitoral consolidada, com forte apelo entre os jovens e eleitores de esquerda. Sua candidatura foca na defesa de políticas públicas voltadas para a habitação, inclusão social e combate às desigualdades. Boulos também aposta em um discurso crítico ao atual governo, colocando Nunes como representante das elites e distanciado das demandas populares.
A ascensão de Boulos é acompanhada de perto por sua capacidade de mobilização nas periferias e entre movimentos sociais. Ele tem uma trajetória forte em movimentos de moradia, e seu engajamento nas redes sociais amplia sua popularidade entre o eleitorado mais jovem. A sua performance nas pesquisas mantém o PSOL como um dos principais partidos de oposição na capital paulista.
Marcos Marçal: o crescimento do discurso antissistema
Marcos Marçal, nome ligado à ala bolsonarista, tem ganhado destaque por sua retórica agressiva e discurso antissistema. Com 19% das intenções de voto, Marçal aposta em temas conservadores, defesa de valores tradicionais e críticas contundentes ao establishment político de São Paulo. Sua candidatura atrai eleitores insatisfeitos com a polarização entre a esquerda e a direita mais moderada, representada por Nunes.
Marçal também tem se consolidado como uma voz ativa em defesa de pautas como o armamento civil e redução da máquina pública, aproximando-se de um eleitorado que se identifica com o bolsonarismo. Sua ascensão nas pesquisas pode mudar o equilíbrio das forças no cenário eleitoral, caso ele continue a crescer, principalmente entre os indecisos.
Eleitores indecisos e rejeição
Outro dado importante da pesquisa Datafolha é o alto número de eleitores que ainda se declaram indecisos ou dispostos a mudar o voto até o dia da eleição. Esse contingente pode ser determinante para levar a eleição ao segundo turno. Além disso, o nível de rejeição dos candidatos também será um fator crucial.
Nunes enfrenta certa rejeição, especialmente em áreas periféricas da cidade, onde sua administração tem sido alvo de críticas. Já Boulos, apesar de contar com apoio popular, enfrenta a resistência de setores mais conservadores e do empresariado. Marçal, por sua vez, tem menor índice de rejeição no momento, mas sua popularidade pode ser desafiada pela forma com que seu discurso é percebido em um cenário de polarização.
Projeção para o segundo turno
A disputa entre Nunes e Boulos está em um nível de praticamente empate técnico, o que torna o segundo turno uma realidade quase inevitável. A principal questão agora é se Marçal conseguirá atrair mais votos dos indecisos e, eventualmente, ameaçar a presença de um dos dois no segundo turno.
Com a aproximação das eleições, os próximos levantamentos de intenção de voto e as movimentações dos candidatos podem trazer mudanças significativas. O cenário, no entanto, já aponta para uma eleição repleta de incertezas e marcada por discursos contrastantes, que espelham as diferentes visões de cidade que cada candidato representa.
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